quarta-feira, 13 de abril de 2011

Anemia Em Câncer: Tem Solução? – Incidência, Etiologia E Consequências da Anemia em Câncer

Anemia é freqüente em pacientes portadores de câncer e pode ser observada no momento do diagnóstico inicial ou, principalmente, desenvolver-se durante o curso do tratamento com a quimioterapia ou radioterapia.
Neste cenário, a anemia é multifatorial e, muito freqüentemente, haverá mais de uma etiologia presente. Destacam-se as deficiências nutricionais (folato, vitamina B12), ferropenia (perda sanguínea, diminuição da absorção), redução da produção medular de glóbulos vermelhos (na anemia associada a doença inflamatória) ou hemólise (imune ou microangiopática).
A neoplasia poderá, ela própria, contribuir para a anemia, através da invasão de órgãos, com sangramentos externos ou internos e/ou distúrbios de absorção (provocando as deficiências de ferro, folato e vitamina B12), ou a insuficiência da medula óssea por mieloptise; pode provocar também a liberação de citoquinas mediadoras da resposta inflamatória, IL-1, IL-6, e fator de necrose tumoral (TNF-alfa) com a conseqüente anemia da doença crônica/inflamatória, estimular auto-anticorpos ou associar-se a distúrbios
da coagulação sanguínea, levando a hemólise imune ou microangiopática. A quimioterapia e/ou radioterapia, através de seus efeitos mielotóxicos conhecidos e freqüentemente dose-dependentes, contribuem para a maior parte dos casos de anemia no paciente com câncer. A cirurgia também poderá contribuir quando da ressecção de órgãos necessários à absorção.
A anemia provoca diversos sintomas como a dispnéia aos esforços ou mesmo no repouso, fadiga, palpitações, etc. Nos casos mais graves, complicações poderão advir, como confusão mental, arritmias, angina, insuficiência cardíaca congestiva e infarto.
Dentre os diversos fatores que afetam negativamente a qualidade de vida dos pacientes portadores de neoplasia maligna, a fadiga é reconhecida como um dos mais importantes e, entre suas causas, a anemia é a que tem maior potencial de reversão.
Reconhecer adequadamente a etiologia da anemia, através de uma criteriosa avaliação clínica e com auxílio de exames complementares, é importante para a sua correção e, deste modo, minimizar sua interferência nas atividades diárias do paciente.
A abordagem do paciente incluirá sempre o tratamento específico da neoplasia maligna, porém outras terapias devem ser utilizadas isoladas ou associadamente. A transfusão de glóbulos vermelhos nas situações mais urgentes, a reposição de hematínicos (ferro, acido fólico, vitamina B12) e o uso criterioso de agentes estimulantes da eritropoiese (AEE), com indicação na anemia induzida pela quimioterapia baseada na literatura atualmente disponível, irão proporcionar benefícios aos pacientes portadores de câncer.

Referências Bibliográficas:
1. Chemotherapy-induced anemia in adults: incidence and treatment. Groopman JE, Itri LM. J Natl Cancer Inst 1999; 91:1616-34.
2. Anemia of chronic disease. Weiss G, Goodnough LT. N Engl J Med 2005;352(10):1011-23.
Anemia in oncology practice: relation to diseases and their therapies. Tas F, Eralp Y, Basaran M, Sakar B, et alli. Am J Clin Oncol. 2002
Aug; 25(4):371-9.
3. Intravenous Iron Optimizes the Response to Recombinant Human Erythropoietin in Cancer Patients With Chemotherapy-Related
Anemia: A Multicenter, Open-Label, Randomized Trial - Journal of Clinical Oncology 2004; 22(7): 1301-1307.
4. Use of epoetin and darbepoetin in patients with cancer: 2007 American Society of Clinical Oncology/American Society of Hematology
clinical practice guideline update. Rizzo JD, Somerfield MR, Hagerty KL, et al.; American Society of Clinical Oncology; American
Society of Hematology. J Clin Oncol. 2008 Jan 1;26(1):132-49.

Nenhum comentário:

Postar um comentário